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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Bonecas Karajá ou Litxokó



As Bonecas Karajá ou Litxokó foram meu objeto de estudo na monografia de final de curso de graduação em Artes Plásticas.

A possibilidade desse estudo monográfico aconteceu por varias experiências vivenciadas e contatos de pessoas exemplares, realizado durante a faculdade. Tive a felicidade de encontrar excelentes profissionais que me orientaram e influenciaram, como Raquel Salimeno, Lídia Meirelles (aqui já citada) e Valéria Silva de Lima.

A partir do contato direto com o acervo do Museu Índio, ajudando na mudança de residência, criei um vinculo com a coleção de Bonecas Karajá, no qual me despertou a curiosidade de conhecer mais.

Em resumo, pode-se dizer que são os índios Karajá responsáveis por um tipo de atividade artística peculiar, a confecção da representação plástica de figurinhas humanas e zoomórficas, que os ocidentais chamam de Bonecas Karajá.

Os índios Karajá habitam as margens do curso médio do Rio Araguaia, na região centro-oeste do Brasil. A língua Karajá, do tronco lingüístico Macro-Jê, apresenta três distinções: Karajá, Javaé e Xambioá.

Os índios que habitam as margens do rio Araguaia possuem distinções funcionais na aldeia entre homem e mulher. As mulheres Karajá têm a obrigação de educar seus filhos, meninos até a idade do ritual de iniciação e as meninas por mais tempo. Ela lhes ensina o preparo dos alimentos e a confecção de artefatos.

As bonecas mais antigas encontradas são datadas por volta de 1870, estão situadas na coleção do Museu Nacional. Desse período para os mais “recentes” (meados do século XX) estudos apontam uma distinção entre coleções consideradas da fase antiga (ver figura 1) e as coleções da fase moderna (ver figuras 2 e 3) analisadas por Darcy Ribeiro nos anos de 1950. Elas registraram uma alteração dos padrões tradicionais. (FARIA, 1959)


FIGURA 1– Cerâmica Karajá antiga - Foto: Maikon Rangel –Acervo Museu do Índio Uberlândia


No primeiro momento da figuração Karajá, na cerâmica antiga, os índios não colocavam para o cozimento essas estatuetas de barro, e por este motivo que as figuras encontram-se sempre em pé, sem variações cênicas e composições de posturas. O fato de não haver o cozimento todas as estemidades como braços e pernas poderiam quebrar com facilidade. Neste sentido que as índias resolveram simplificar a forma do corpo, apresentando pernas roliças e braços com esquema de continuação dos cabelos. (FARIA, 1959)


FIGURA 2– Cerâmica Karajá moderna - Foto: Maikon Rangel –Acervo Museu do Índio Uberlândia.


O momento conhecido como da cerâmica moderna (ver figuras 2 e 3) refere-se à concretização de experimentos revolucionários. É por volta de 1950 que a arte Karajá se transfigura. O dinamismo criador e a procura incessante de novas formas de expressão plástica a identificam como moderna. O domínio da composição é conquistado, dando-lhes a oportunidade de realizar diversos e extravagantes ensaios escultóricos. A arte Karajá adquire um caráter cenográfico com grande expressividade e de forte poder de sugestão. Representa figuras agrupadas ou cenas da vida cotidiana. (FARIA, 1959)


FIGURA 3- Cena do Parto, posição em cócoras.  Foto: Alice Registro- Acervo Museu do Índio Uberlândia.


Referência:
FARIA, L. de Castro. A Figura Humana na Arte dos Índios Karajá, Rio de Janeiro: Universidade do Brasil – Museu Nacional, 1959.

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